O trator de Temer enfim desacelerou. A táctica do PT de expandir o ano eleitoral, começando a disputa presidencial desde já, mobiliza a oposição fora do congresso a partir de uma suposta alternativa ao programa do atual governo. Até então o governo Temer vendia-se como a salvação nacional, por um lado, garantia a governabilidade através da proteção aos principais operadores da corrupção em seu partido e mantinha uma aliança com o seu sucessor ideológico, o PSDB – absolutamente seguro de uma vitória acachapante em 2018. Por outro, aprofundou a ortodoxia econômica já tocada por Dilma, atrelando o orçamento apenas à inflação, desvinculado receitas, promovendo a entrega do patrimônio público à iniciativa privada e a retirada de direitos da classe trabalhadora, favorecendo assim às elites nacionais e o mercado financeiro. E a opinião pública ainda encoberta pela narrativa do Comando de Caça aos Corruptos e pela tese do conjunto da obra, quando o crime era ser de esquerda, ladrões de petróleo, produz movimentos massivos de defesa dos privilégios. Então, o partido da ordem havia conseguido expurgar as lideranças populares das suas hostes, organizando um pacto desde o fascismo até os medalhões da república. Portanto, a ausência de alternativas viabilizava a ponte para o futuro de Temer, era o seu maior trunfo, o espectro da crise fazia a população fechar os olhos e esperar. Muitas maldades já foram feitas e outras ainda virão, no entanto, a negatividade do programa de Temer começa a ser contraposta pela ressurgimento do lulismo, cujo líder supremo não é mais o presidiário na Av. Paulista, o brinquedo de Moro, mas o messias levando água ao sertão, e é só o começo de tais encenações. Acompanhado da sua fiel escudeira, Dilma, nem um pouco constrangida de aparecer em público, em pleno gozo dos seus direitos políticos, digna e afiada, simbolizando a resiliência dos seus militantes e apoiadores. O vermelho estará nas ruas relembrando o legado de Lula, e isso já balança o governismo. O verde e amarelo chegou ao seu limite, não vai conseguir mobilizar como antes em torno de reformas impopulares, de um governo não eleito, envolvido até os ossos com a corrupção. Não à toa, nessa semana, Temer antes intransigente com todas suas reformas, retirou os funcionários municipais e estaduais da proposta de reforma da previdência, um recuo e tanto, enfim uma brecha foi aberta. Muita água ainda vai passar por debaixo da pinguela, muitos cenários possíveis, inclusive já vimos de quase tudo e não podemos descartar um aprofundamento do golpe, como pressagia a próxima reforma política. Fica a impressão que a deposição de Dilma não tenha sido tão generosa para os seus arquitetos, que agora fazem o trabalho impopular enquanto a crise se agrava, cometendo inúmeras gafes, sendo afastados das suas funções por conta de denúncias, brigando entre si, empossando ministros notáveis em sua incompetência, enfrentando escândalos e barbáries semanais, e ainda sob suspeita da justiça e sem pavimentar o caminho para o tucanos, mas esquentando a cadeira para a jararaca. Se já vimos palanques assustadores, 2018 não perde por esperar.
D.F.