Precisamos de proteção?

Em Pernambuco, durante o governo Paulo Câmara, tornaram-se comum as passeatas, em cidades do interior e nas comunidades das capitais, por segurança pública. No estado, desde começo do ano, o número de homicídios ultrapassa a casa dos novecentos. No Brasil, tais mortos costumam ter uma situação social e uma localização geográfica bem definidas, são pobres, pretos, periféricos. Em Pernambuco não é diferente, aqui a guerra ao povo anda a passos largos, e tem o Estado como seu principal agente, seja pelo incentivo à sanha assassina da polícia, ou a forma leniente de tratar o “excedente” de mortes apenas como uma curva estatística desfavorável. Infelizmente predomina uma abordagem alarmista e eleitoreira da matança no estado, por exemplo, a oposição legislativa, segmento do partido da ordem, explora o fato apenas para desgastar o governo e angariar mais votos, sem mostrar a menor empatia com o sofrimento ancestral das periferias brasileiras. E as mobilizações comunitárias exigem mais polícia e abordagens nas ruas, desconsiderado o papel social e político reservado às polícias, nesse sentido, há conflitos, uma liderança comunitária da Brasília Teimosa traduziu da seguinte forma: queremos mais policiais nas ruas, mais batidas, abordagens, mas sem desrespeito, espancamento, racismo, invasão de domicílios, ou seja, dentro da lei, afinal de contas segurança é um direito, e nós também somos gente. Mas não há polícia para proteger o povo. Há polícia para alvejar, em Itambé, Edivaldo da Silva Alves, 23 anos, – no momento, em estado grave na UTI – enquanto discursava por mais segurança no seu município, há governo para dificultar o inquérito, há corporação para proteger o assassino, e isso não é nada para eles.

D.F.