Recife acordou com tiros de fuzil. Na madrugada, a Zona Oeste expandiu-se em uma zona de guerra. Dezenas de homens explodiram os cofres de uma empresa de valores e colocaram a polícia para correr, como já havia acontecido aos montes no interior do estado e também no litoral sul da Região Metropolitana, também pudera, a excelência da polícia militar brasileira é maltratar o povo, é o genocídio dos pretos, fora dessa alçada não há muito. Anteontem, no quartel do Derby, foi empossado um novo comandante, antes comandante das unidades especializadas da polícia, segundo o governo, a troca foi para dar uma resposta dura ao aumento da criminalidade e combater os grupos de extermínio, já que corpos varados por tiros lotam os institutos legistas, paradoxo quando se dá o protagonismo às unidades mais assassinas da polícia, e ainda há quem esteja discutindo a existência de algum pacto pela vida. Para esse novo comandante, a reação policial foi um sucesso, como se ele próprio ovacionasse a ação da quadrilha, ele sabe que sensação de segurança não é segurança, e que uma polícia talhada para a segregação racial e a discriminação social não tem a ver com isso. À oposição, histriônica e sem programa, resta agir nos erros de um dos governos mais inábeis da história de Pernambuco, definido por sua demagogia e pela perseguição aos opositores. Nesse sentido, há tantos fatores para a explosão de uma revolta popular que é difícil saber por onde começar, mas o único representante de uma esquerda dita socialista, e não falo do PSB obviamente, assina uma petição ao governador para que a Força Nacional patrulhe as ruas da cidade, assim como o exército patrulhou há pouco tempo e participou da repressão aos estudantes que protestavam contra a reforma do ensino médio e o congelamento do orçamento – e ontem os militantes sem teto foram massacrados pela polícia militar, isso eles sabem fazer, mesmo sem a Força Nacional -, a oposição quer o estado de exceção por completo, a solução para a minoria no parlamento são mais fuzis, deixar o povo ainda mais refém para desgastar o governador, estratégia para fascismo nenhum botar defeito, “intervenção militar já”. Como já foi dito, há, sobretudo, o partido da ordem, por exemplo, o senador do partido trabalhista em Pernambuco está desconstruindo a tese do golpe nas paginas amarelas da imprensa golpista, reposicionando o Partido diante da opinião pública, tirando-o da frente de Lula. Pobres militantes que reivindicaram a Dilma guerrilheira e o Lula sindicalista nas passeatas contra o golpe, até o próprio partido os tem como petralhas, chega de pão com mortadela, queremos os banquetes nas alcovas em Brasília, as arcas do império. O desenvolvimento, o progresso, a república, a constituição, a justiça, o trabalho, a segurança e a democracia são conceitos que estão apodrecendo em nossos corpos doentes, encarcerados, amedrontados e super explorados, a massa precisa liberar-se sobre o palácio, as fábricas, os bancos e os partidos, destituir as autoridades, tomar os gabinetes e exigir trégua, chega dessa guerra contra o povo.